O presidente eleito Jair Bolsonaro passou três dias da semana em Brasília, mantendo reuniões com todas autoridades dos três Poderes da República. Seu primeiro compromisso foi participar da sessão solene do Congresso Nacional comemorativa dos 30 anos da Constituição de 88. Em rápido discurso, Bolsonaro reafirmou que “na democracia só existe um norte, que é a nossa Constituição”. Até quinta-feira, à tarde, quando retornou ao Rio de Janeiro, onde mora, Bolsonaro se encontrou com os presidentes Michel Temer, do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e com os comandantes do Exercito, da Marinha e Aeronáutica e com os especialistas que atuam na transição do governo.

A preocupação principal do presidente eleito foi ver a possibilidade dos atuais deputados e senadores votarem, ainda neste ano, pelo menos uma parte da reforma da Previdência Social. Qualquer mudança que vier acontecer contribuiria para o novo governo iniciar suas atividades, em janeiro, sem muita pressão nas contas públicas.

Bolsonaro anunciou que no dia 12 de dezembro vai passar por uma terceira cirurgia, que será menos graves do que as duas primeiras. Até lá ele anunciará a formação total de sua equipe de ministros. Bolsonaro e sua família só virão para Brasília, em definitivo, dias antes da posse. Vão mora no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.

OS MINISTÉRIOS

Bolsonaro continua com a ideia de reduzir de 29 para 15 os ministérios do seu governo. E todos eles preenchidos com pessoas ficha limpa, e não condenadas por corrupção, “como aconteceu nos últimos anos”. E os ministros escolhidos sem influência de caciques políticos ou cúpulas partidárias.

A redução drástica dos ministérios, segundo o presidente eleito, tem por objetiva a diminuição dos gastos públicos e ao mesmo tempo racionalizar a maquina  administrativa.

Até agora foram anunciados apenas cinco ministros. O economista Paulo Guedes para comandar o super  Ministério da Economia, que reunirá as pastas da Fazenda, Planejamento e da Industria e Comercio.

O Ministério da Justiça vai agregar o Ministério da Segurança Pública, juntando ainda a Secretaria de Transparência e de Combate à Corrupção, Controladoria Geral da União, além do Conselho de Controle das atividades Financeiras (COAF), hoje ligado ao Ministério da Fazenda. Essa superestrutura terá à sua frente o Juiz federal Sérgio Moro, que tem se destacado nacionalmente por sua atuação na Operação Lava- Jato. Sergio Moro recebeu carta branca do presidente Bolsonaro para preencher os cargos que vai comandar, inclusive a Policia Federal e a Policia Rodoviária.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação terá como titular o astronauta Marcos Pontes. Ele é formado em engenharia aeronáutica e foi o primeiro sul-americano a participar de uma missão especial, em 2016. O ensino superior, hoje no Ministério da Educação, deverá ser transferido para o Ministério da Ciência.

A chefia da Casa Civil, outro setor chave do governo, ficará com o deputado federal gaúcho Onyx Lorenzon (DEM). Ele foi o coordenador politico da recente campanha eleitoral vitoriosa de Jair Bolsonaro.

O quinto ministério já anunciado foi o general Augusto Heleno, que será comandante do Ministério da Defesa. Ele tem sido conselheiro do novo presidente nos assuntos relacionados à segurança pública. O general Augusto Heleno foi comandante militar da Região da Amazônia e teve atuação destacada no comando da Missão de Paz da ONU no Haiti.

Está sendo anunciado como o provável gestor da área de energia o professor, Luciano de Castro, que leciona na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. Ele é considerado uma das maiores autoridades brasileiras em temas energéticos.

FUSÃO DE MINISTERIOS

Levando em conta as fortes prisões e discordância dos mais variados setores, o presidente Jair Bolsonaro está propenso desistir da ideia de juntar os Ministério da Agricultura e Meio Ambiente. Ele nomearia um ministro para cada uma dessas duas pastas, sem atender a indicação dos grupos interessados. Seriam ministros de sua estrita confiança.

Entre os ministérios que ainda aguardam uma definição, o da Educação poderá se juntar aos Ministérios do Esporte e da Cultura.

O Ministério dos Transportes, que deverá ficar sob o comando de um general do Exercito, terá a responsabilidade da execução das obras de infraestrutura do país.

O Ministério de Integração Nacional deverá assumir todas as responsabilidades atuais dos Ministérios da Cidade e do Turismo.

Duas outras pastas que também podem se juntar são o Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Poderá se chamar Ministério da Família. Provavelmente sera entregue para o senador, pastor evangélico e cantor gospel Magno Malta, um dos aliados de Bolsonaro que não foi reeleito.

As outras pastas devem continuar como são hoje: Saúde, Relações Exteriores e Gabinete de Segurança Institucional. O Banco Central deve perder o status de Ministério para se torna independente. O seu titular teria mandato fixo de quatro anos.

NOVA POLITICA EXTERNA

O presidente eleito anunciou que vai mexer de forma profunda nos rumos da politica externa do Brasil. A preferência absoluta será se relacionar com países que nos compre e ao mesmo tempo venda produtos, tecnologia e serviços. Vai fechar embaixadas em países que nada representam para o Brasil, como algumas abertas no governo do PT para atender apenas interesses de ditadores de plantão, como alguns da Africa. São países que só representam gastos para o Itamarati. Quem está na mira do novo governo é Cuba. Deverá ser revisto o acordo sobre o Programa Mais Médico que trouxe médicos cubanos para trabalhar em regiões pobres e remotas do país. Cada médico fica com 25% do valor pago pelo Brasil, sendo direcionados 75% para o governo de Cuba. “Isso é um absurdo, e tem de ser revisto”- disse Bolsonaro. O Brasil vai tentar também reaver os investimentos milionários que o então presidente Lula direcionou para obras em Havana. Esses recursos foram aplicados pelo BNDES.

Bolsonaro revelou também que é intenção do seu governo transferir a nossa embaixada de Tel- Aviv para Jerusalém, seguindo o que foi feito pelos Estados Unidos. Ele projeta também utilizar a tecnologia de Israel para produção agrícola nas regiões desérticas do nosso Nordeste, principalmente no que se refere ao uso da agua. “SE Israel exporta para Europa frutas e produtos agrícolas plantados no seu deserto, porque o Brasil não pode fazer o mesmo com o nosso nordeste duramente castigado pela Seca”- comentou Bolsonaro.

O novo chanceler brasileiro ainda não foi escolhido. Ele terá de ter um perfil voltado para a transformação do Itamarati num grande vendedor de produtos brasileiros. “Nossa meta é negociar com os países que têm algo para nos comprar e vender”- acrescentou Bolsonaro. Será missão também do novo chanceler acabar com a influencia do PT em vários setores do Ministério das Relações Exteriores.