Em fase de ouro, banda britânica impressionou no Rock in Rio e esgotou mais 8 shows no Brasil. Preocupação com entretenimento e mudança radical no repertório explicam fenômeno, que ajudou a ditar rumos do gênero mais ouvido pelos brasileiros; veja vídeo.

Nas listas de músicas mais ouvidas do Brasil, astros do sertanejo atualmente dividem espaço com o funk, o rap, a pisadinha e… o Coldplay.

Mas, além dos bons números, há mais em comum entre a banda britânica e o gênero que se consolidou como mais popular do país: essa relação ajuda a explicar por que as duas coisas são fenômenos entre brasileiros.

Coldplay no Rock in Rio 2022 — Foto: Stephanie Rodrigues

Eles têm o povo

O Coldplay vive fase de ouro no Brasil:

  • Seu show no Rock in Rio 2022 foi eleito o melhor dessa edição do festival pelos leitores do g1;
  • Em meio à repercussão da apresentação, o grupo chegou a ter 13 músicas entre as 200 mais ouvidas do Brasil no Spotify;
  • Outros oito shows do Coldplay no Brasil estão marcados para outubro: 6 em São Paulo e 2 no Rio, todos em estádios e com ingressos esgotados.

É preciso admitir: eles têm o povo. No Rock in Rio, o espetáculo visual promovido pelo grupo fascinou uma plateia que se manteve dedicada e emocionada por mais de duas horas, mesmo debaixo de chuva.

Coldplay se apresenta no Rock in Rio 2022 — Foto: Stephanie Rodrigues/g1

Coldplay se apresenta no Rock in Rio 2022 — Foto: Stephanie Rodrigues/g1

Aliados a ele, refletores, uma passarela iluminada, fantoche no palco e outros efeitos especiais criaram imagens impactantes para quem estava lá — e ainda mais para quem viu pela TV.

A preocupação em entregar entretenimento visual é um dos fatores que tornaram o Coldplay uma das bandas com apresentações mais lucrativas do mundo. Segundo a revista americana “Billboard”, com a turnê atual, “Music of the Spheres”, o grupo bateu a marca de US$ 1 bilhão em faturamento de shows ao longo da carreira.

A música pode se tornar coadjuvante em alguns momentos, mas a mudança radical no repertório da banda também ajudou a torná-la mais popular.

O Coldplay foi do rock alternativo melancólico do disco “Parachutes” (2000), influenciado por nomes como Oasis e Radiohead, ao pop motivacional de arena, mostrado principalmente a partir de “Viva la Vida or Death and All His Friends”, de 2008.

Seguidores do ‘ôôô’

Essa fase mais recente multiplicou a base de fãs e inspirou artistas que, à primeira ouvida, podem não ter tanto a ver com a banda. Luan Santana é um deles.

Luan Santana no show 'Viva' — Foto: Bruno Fioravanti / Divulgação

Luan Santana no show ‘Viva’ — Foto: Bruno Fioravanti / Divulgação

A influência do grupo é clara nos refrãos fortes do cantor sertanejo, com sílabas alongadas e trechos perfeitos para cantar em estádios. Ouça o “ôôô” de “Chuva de Arroz”, lançada por Luan em 2015, e tente não lembrar de “Viva la Vida”, hino do Coldplay.

No jeitinho de fazer shows, dadas as devidas proporções de orçamento, Luan também tenta fazer de suas apresentações uma experiência à lá Disney, em que o público tem participação ativa.

A banda já foi citada como referência por duplas como Matheus & Kauan e Munhoz & Mariano. Além disso, é referência certa de sertanejos que seguem uma linha mais próxima do pop rock. Lucas Lucco é mais um fã declarado.

“Tem rock infiltrado nas minhas músicas. As românticas, como ‘Pra te fazer lembrar’, têm uma pegada pop rock internacional. São vários elementos. Quem gosta de Coldplay vai gostar”, anunciou Lucco em entrevista ao g1 ao lançar a música, em 2013.

Muito influenciados por rock alternativo quando ainda eram uma dupla, Victor & Leo têm até uma música com arranjo diretamente inspirado pela banda britânica. É “Caminhos diferentes”, de 2015. Nesse caso, nem precisa ouvir mais de uma vez para ter certeza: a música é sertaneja, mas a guitarra e a bateria marcada poderiam muito bem embalar pulseirinhas coloridas num festival.

fonte: g1