Michel Temer tem pela frente apenas 14 meses de governo. Ele mesmo se impôs duas tarefas a executar nesse curto período: entregar o Brasil em pleno crescimento ao seu sucessor, a ser eleito em outubro do ano que vem, e resgatar sua credibilidade junto à sociedade brasileira. Temer quer deixar o Palácio do Planalto como o presidente da República que tirou o país do fundo do poço, à beira da falência, e ser reconhecido, aplaudido, pelo Brasil afora. Para muitos, diante da situação atual e o pouco tempo que lhe resta de governo, Michel Temer estaria à procura de um milagre.

Ele pegou o país mergulhado numa enorme recessão, e com um forte movimento de rua “Fora Temer”. Desde o dia de sua posse, 26 de setembro de 2016, em substituição à Dilma Rousseff, que foi defenestrada do governo por decisão do Congresso Nacional, ele não teve um dia sequer de sossego, de paz. Acordou todos os dias com pelo menos um tsunami à porta do seu dormitório. Teve, inclusive de se livrar de dois processos que visaram afastá-lo do governo, com as acusações dele ter praticado diversos crimes de corrupção e de chefiar uma quadrilha, que roubou o país em pelo menos 580 milhões.

Michel Temer sobreviveu a tudo, graças a sua habilidade politica e experiência, desde 2007, como presidente do maior partido do Brasil – o PMDB, e de ter presidido a Câmara dos Deputados em três oportunidades.

Para conseguir tornar realidade seu “sonho de verão de salvar o Brasil”, terá que pacificar sua base aliada na Câmara e no Senado. Hoje, deputados e senadores estão alvoroçados por conta, principalmente, da campanha eleitoral de reeleição que se avizinha. Uma missão muito difícil para Temer.

AS PRETENSÕES

O presidente idealizou a campanha “Agora é avançar”.  A estratégia é criar um clima de página virada. Para esta repaginação, o presidente e suas equipes politica e econômica estão apostando num “governo de resultados imediatos”. Para isto estão se ancorando em três itens: taxa de juros baixa inflação controlada e em queda e a retomada dos empregos. Com estes itens domados, a meta primeira será a votação da reforma da Previdência. Está o Palácio do Planalto disposto, inclusive, a aceitar um novo texto para as mudanças previdenciárias. Ele seria mais enxuto, com a determinação, porém, de as aposentadorias serem de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres. E se decretaria o fim dos privilégios dos servidores públicos e alguns tipos de benefícios considerados escandalosos.

Com um texto mais enxuto da reforma da Previdência, poder-se-ia alcançar o objetivo de reduzir o rombo que ela provoca no Orçamento da União. Para este ano, o déficit previsto é de R$ 82 bilhões. Sem a redução desse rombo, não há como se conseguir o acerto das contas públicas, hoje o maior problema da nossa economia.

O governo pretende também mexer, ainda neste ano, no sistema tributário nacional. O tema está em discussão numa comissão especial da Câmara. A meta é encontrar saídas para que os brasileiros deixem de ser os que mais pagam impostos em todo mundo.

FOME DE DINHEIRO

A agenda positiva do governo começou com a venda de campos do pré-sal, que rendeu R$ 6,15 bilhões em bônus aos cofres públicos. Foram R$ 1,6 bilhões a menos que o esperado. Não houve comprador para duas das oito áreas ofertadas.  A expectativa é que as seis áreas arrematadas gerem investimento de mais de R$ 100 bilhões e royalties de cerca de R$ 45 bilhões ao longo de 30 anos. Nesse período, a previsão é que o setor deverá criar em torno de 500 mil empregos.

Em novembro, o governo deverá anunciar a modelagem da venda de empresas do sistema Eletrobrás.

A área econômica aposta nos leilões da Petrobras e da Eletronorte para conseguir recursos para colocar em ordem as contas do país.

DESTAQUES

CONGRESSO ESVAZIADO– Câmara dos Deputados e Senado Federal ficaram esvaziados esta semana por conta de feriado de finados. E também porque uma comitiva de deputados, à frente o presidente Rodrigo Maia, viajou na sexta-feira, para uma peregrinação por Israel, Palestina e Itália. O retorno deles está previsto para o fim desta semana. A pauta de votação da Câmara será retomada na segunda-feira, com apreciação de projetos relativos à segurança pública.

PRESIDÊNCIA DO PSDB–  Marcada para 9 de dezembro, em Brasília, a convecção nacional do PSDB, para escolha do seu presidente, que substituirá o senador Aécio Neves. Dois candidatos  a vaga: senador cearense Tasso Jereissati e o atual governador de Goiás, Marcone Perillo. Na mesma convenção deverá ser definido o nome dos tucanos que vai disputar a presidência da Republica, em 2018. O nome melhor avaliado no “ninho dos tucanos” é do govenador paulista Geraldo Alckmin. Na hipótese de surgir mais de um candidato, a escolha acontecerá em fevereiro, através de um plebiscito nacional.

MULTAS PARA CICLISTAS E PEDESTRES– Uma medida existente há 20 anos, mas nunca colocada em pratica, acaba de ser regulamentada, por portaria do Conselho Nacional de Trânsito. Ela vai permitir que guardas de transito e policiais apliquem multas a pedestres e ciclistas que não cumprirem as regras do Conselho Nacional de Trânsito. A medida vai valer a partir de abril de 2018. As multas vão variar de R$ 44,19 a R$ 130,16.