O presidente eleito Jair Bolsonaro acabou estruturando seu governo com 22 ministérios, sete a mais dos 15 previstos inicialmente.  E já escolheu todos os 22 ministros, que estão sendo abastecidos pelas equipes do “governo de transição” com informações detalhadas das áreas que vão comandar. Os ministros assumirão seus cargos, no dia 1° de janeiro, sabendo das dificuldades que terão pela frente e informados dos problemas que o presidente Bolsonaro pretende enfrentar no inicio da gestão.

A destacar que na montagem de sua equipe, o presidente Bolsonaro usou a estratégia de escolher os ministros sem ouvir os dirigentes partidários. Ele fugiu das tradicionais políticas “toma lá, dá cá” e “é se dando que se recebe”. O presidente optou por fazer a escolha dos ministros pessoalmente. Em poucos casos decidiu negociar com lideranças de Frentes Parlamentares que atuam no Congresso Nacional com muita desenvoltura. Isso aconteceu no preenchimento dos Ministérios da Agricultura, Saúde, Educação e Turismo.

Dos 22 ministérios, o Exercito conta com cinco ministros sendo dois generais do Exercito, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Azevedo e Silva (Defesa), um general de Divisão, Santa Cruz (Secretaria de Governo), e dois capitães reformados, Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Wagner Rosário (Controladoria Geral da União). A Aeronáutica terá controle da Ciência e Tecnologia com o ministro Marcos Pontes, tenente-coronel da reserva. A Marinha comandará o Ministério das Minas e Energia com o almirante de esquadra Bento Costa de Albuquerque Júnior. E lembrando que o presidente Bolsonaro é capitão do Exercito reformado e o vice-presidente da República é o general Hamilton Mourão.

Registra-se ainda que há possibilidade do número de ministérios ser reduzido para 20. A presidência do Banco Central e a Advocacia Geral da Republica correm o risco de perderem o status de ministério. O Banco Central está na iminência de ficar como órgão independente, sem nenhuma subordinação à Presidência da República. O Ministério do Trabalho foi realmente extinto. Suas atribuições foram distribuídas entre os Ministérios da Justiça, da Economia e da cidadania.

Os nomes já escolhidos para comandar os Ministérios do Meio Ambiente e Direito Humanos serão resolvidos pelo presidente Bolsonaro neste final de semana.

Todos os ministros estão cientes de que vão receber o país no fundo do poço. E que o presidente Bolsonaro e o ministro da Economia estão preparando um pacote de medidas, algumas amargas e impopulares, para submetê-las à apreciação dos deputados e senadores, que tomarão posse no dia 1° de fevereiro. É que para aprovar essas propostas o novo governo vai ter uma guerra pela frente.

ESTATAIS SERÃO PRIVATIZADAS

Para ajudar no ajuste das contas públicas, estouradas só neste ano em R$ 139 bilhões, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, está apostando na privatização e extinção de empresas estatais deficitárias. Para cuidar dessa tarefa foi criada a Secretaria das Privatizações, que será comandada pelo empresário Salim Mattar, um dos donos da Localiza, empresa líder nacional no mercado de alugueis de veículos.

Hoje, são 138 empresas estatizadas das quais 18 dão prejuízo anual de R$ 15 bilhões. A maioria delas será vendida para a iniciativa privada, algumas extintas, e outras, em minoria, serão preservadas, pelo seu caráter estratégico.

Na lista de privatizações empresas da Eletrobrás, setores da Petrobras, a Casa da Moeda, subsidiarias de bancos oficiais, rodovias, portos, aeroportos e ferrovias estarão à venda também imóveis e terrenos da União existentes pelo país afora.

Antecipando o projeto do futuro ministro da Economia, o governo do presidente Michel Temer publicou editais para a venda, através de leilões, em março de 2019, de 12 aeroportos no interior do país, de quatro terminais portuários e da Ferrovia Norte- Sul, que ligará o interior do Maranhão à cidade de Estrela D’Oeste, na região de São José do Rio Preto. Essa ferrovia transportará produção agrícola do Maranhão, Tocantins, Goiás até São Paulo. A expectativa é que a venda dessas concessões proporcione uma arrecadação de R$ 4,5 bilhões para os cofres da União, além de disponibilizar R$ 6 bilhões para a conclusão de tais empreendimentos.

PENTE FINO NOS PROGRAMAS SOCIAIS

O presidente eleito Bolsonaro anunciou que seu governo vai dar atenção especial aos programas sociais. Negou que pretende acabar com os projetos existentes, mas avisou que todos eles passarão por auditorias rigorosas. Enfatizou que pretende fazer com que pessoas com capacidade para trabalhar estejam no mercado de trabalho, e não dependentes de medidas assistenciais, como a Bolsa Família. Para o presidente eleito, “o projeto social tem que ser para tirar a pessoa da pobreza e não para mantê-la num regime de dependência”.

Garantiu Bolsonaro que todos os programas assistenciais do governo passarão por um pente fino. “Sabemos que muitos militantes do PT, cabos eleitorais de políticos, de prefeitos e vereadores se beneficiam desses programas. Isso vai acabar” avisou.

Confirmou que após uma “limpeza” nesses programas, pretende estender a concessão do 13° salario aos dependentes do Bolsa Família.