O presidente eleito Jair Bolsonaro só virá para Brasília na próxima semana. Ele permaneceu a semana no Rio de Janeiro, mantendo negociações para a formação do seu governo e definição das primeiras medidas que colocará em pratica, a partir da posse, no dia, 1° de janeiro.

Em Brasília, Bolsonaro e a família deverão ficar hospedados na Granja do Torto, que foi residência do ex-presidente João Figueiredo, o ultimo general a governa o Brasil.

Na quarta-feira, no Centro Cultural do Banco do Brasil, distante 4 quilômetros do Palácio do Planalto, o governo Michel Temer começou passar ao novo governo todas informações  governamentais, sigilosas ou não. O governo Jair Bolsonaro assumirá o comando do Brasil ciente de como ele se encontra em todas as áreas. A equipe de transição do governo Michel Temer tem o comando do ministro da Casa Civil Eliseu Padilha, enquanto a equipe do novo governo é chefiada pelo deputado Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil.

O presidente Michel Temer assumiu e cumpriu o compromisso de não preencher as vagas existentes na Caixa Econômica Federal, nos conselhos das diversas estatais e nas agencias reguladoras.

Um dos primeiros atos do presidente Jair Bolsonaro será a demissão dos ocupantes dos 15 mil cargos de segunda e terceira instancias, todos eles nomeados nas gestões dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. A maioria dessas funções será extintas, como medida para reduzir o déficit fiscal. Pelo mesmo motivo será privatizada ou extinta a TV- Brasil, emissora que tem apenas um traço de audiência, e custa R$ 1 bilhão por ano.

MODO E PREVIDÊNCIA

O presidente eleito revelou que convidou o juiz federal Sergio Moro para ser ministro da justiça ou indica-lo para ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele ocuparia a vaga a ser aberta com a aposentadoria do ministro decano Celso de Mello, que em 2019 completará 75 anos. Na opinião de Jair Bolsonaro será uma homenagem a Sergio Moro que, à frente da operação Lava- Jato, muito fez para combater a corrupção no país, ampliada em muito pela quadrilha do PT, liderada por Lula, que está preso.

Bolsonaro revelou também que chegará a Brasília, na próxima semana, para ficar até a sua posse. Vai se encontrar com o presidente Michel Temer e lideranças do Congresso Nacional, para tentar viabilizar, pelo menos em parte, a votação da reforma da Previdência, e a aprovação da proposta de flexibilização do Estatuto do Armamento para permitir a concessão do porte de armas a cidadãos comuns.

Na mira de Bolsonaro a votação também do projeto de Lei que autoriza a demissão de servidores públicos que são mal avaliados.

No campo administrativo, a previsão é a anulação de convênios entre o governo e ONGS, como o Movimento dos Sem Terras (MST).

O novo governo pretende, caso haja pedidos das autoridades italianas, autorizar a extradição de Cesário Batisti, condenado a prisão por crimes de guerra, na Itália. Ele se encontra solto no Brasil porque o então presidente Lula se recusou extraditá-lo, atendendo pedido de movimentos esquerdistas.

Paulo Guedes, que será o responsável pelo novo Ministério da Economia, em razão da junção da Fazenda e do Planejamento e da Indústria e Comercio, anunciou que vai buscar ações com resultados rápidos. Ele quer evitar a frustação dos eleitores, garantindo os índices de popularidade de Jair Bolsonaro. Para ele é necessário que dure muito tempo a “lua de mel” da sociedade brasileira com o novo governo.

Paulo Guedes aponta a reforma da Previdência Social como o primeiro problema a ser enfrentado pelo governo.

O NOVO GOVERNO

O presidente eleito Jair Bolsonaro está decidido anunciar sua equipe de governo neste fim de semana. Ele quer que todos seus ministros assumam suas funções em janeiro já com o conhecimento de todos os problemas e necessidades que vão ter pela frente.

O “cérebro econômico” do novo governo será o economista Paulo Guedes. Tem sido um dos conselheiros mais próximos de Bolsonaro, presente em todas as reuniões deliberativas da campanha eleitoral vitoriosa. Paulo Guedes terá papel importante assumindo o aglutinado Ministério da Economia durante a gestão de um presidente que é assumidamente fraco em temas econômicos. Ele vai manter ao seu lado um bom numero de especialistas que atuaram na equipe do então ministro da Fazendo Henrique Meirelles. Na Presidência do Banco Central deverá continuar Ilan Goldfajn. A economista Ana Paula Vescovi também deverá continuar à frente da Secretaria Executiva, enquanto a presidência do BNDES deverá ser ocupada por Carlos da Costa, ex-diretor da instituição. Para a Presidência do Banco do Brasil deverá ser nomeado Marcelo Labuto, hoje vice- presidente de Negócios  e varejo do BB.

Outro setor-chave do governo, a Casa Civil, será comandada pelo deputado gaúcho (DEM) Onyx Lorenzoni. Ele integrou a campanha eleitoral do novo presidente desde o seu inicio, exercendo a função de coordenação politica. Lorenzoni é um dos mais insistentes críticos do ex-presidente Lula, a quem acusa de ser o “chefe da quadrilha responsável pela corrupção no Brasil”.

O ministro da Defesa será o general Augusto Heleno, que chefiou a Missão de Paz do ONU no Haiti e foi comandante da Amazônia. Ele é tido como uma espécie de conselheiro na área de segurança pública.

A ideia de Bolsonaro é reunir num só ministério a execução de todas as obras de infraestrutura do país. E essa missão deverá ser entregue ao general quatro estrelas Oswaldo Pereira.

Para comandar o Ministério de Ciência, Tecnologia e inovação deverá ser nomeado o astronauta Marcos Pontes. Ele é formado em engenharia astronáutica. Pontes foi o primeiro sul-americano a ir para o espaço ao participar de uma missão especial em 2006.

Ainda está para ser resolvida a questão da fusão dos Ministérios da Agricultura e Meio Ambiente. Os ambientalistas estão protestando contra esta fusão. No Ministério das Relações Exteriores a preocupação de Bolsonaro é escolher um nome que seja capaz de acabar com a influência do PT nos setores  chaves do Itamarati.

A registrar na formação do ministério é que o novo presidente está ignorando por completo a influencia de políticos e partidos.