Sinais apontam no sentido de que os pilares básicos da economia nacional estão deslanchando de forma segura, consistente e crescente. Depois de três anos de uma recessão severa, o país passou a ganhar fôlego, com a queda da inflação, redução dos juros e retomada de vagas no mercado formal de trabalho. Estimativas da área econômica preveem a possibilidade do Produto Interno Bruto (PIB) crescer mais do que os 2% estimados pelo mercado, em 2018, podendo chegar até 3,5%.

Atribui-se esse avanço positivo, em parte, ao fato da crise política ter se desatrelado dos agentes econômicos.

Ao otimismo que domina a área econômica somam-se as ações da Operação Lava-Jato, que buscaram passar a limpo o nosso sistema político. Daí emergir a esperança de que o Brasil poderá entrar em 2018 com um cenário de céu de brigadeiro. E quem vencer as eleições presidenciais encontrará, no inicio do mandato um país em melhor situação do que se viveu nos últimos anos.

Com a escassez de recursos para financiamento das campanhas eleitorais, a grande estrela das eleições gerais que se aproximam será a internet. O uso das redes sociais se constituirá na maior ferramenta dos candidatos na busca de votos, por seu baixo custo e rapidez na sua aproximação aos eleitores. Nas eleições dos Estados Unidos ficou comprovada a importância do uso do Facebook, do Twitter e Google.

O fantasma do caixa 2 certamente voltará em 2018. Com as empresas proibidas de fazerem doações eleitorais, o repasse de dinheiro “não contabilizado” vai continuar na próxima campanha, aumentando a “judicialização” das eleições. Câmara e Senado produzirão muito pouco no próximo ano. Deputados e senadores estarão nas ruas em busca de votos para uma reeleição que contará com a má vontade da sociedade brasileira. Isso por conta da maioria estar envolvida em maracutaias diversas. Hoje, 238 congressistas são investigados no Supremo Tribunal Federal.

Mais do que a garantia de um novo mandato no Congresso Nacional, parlamentares investigados pela Lava-Jato tentarão manter o benefício do foro privilegiado, ou seja, serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Hoje, o foro privilegiado é comparado ao manto da impunidade. Essa Corte, contudo, deverá sofrer forte pressão, no início do próximo ano, para acelerar a análise dos processos em que estão envolvidos mais de uma centena de deputados e senadores. Todos enredados nas roubalheiras ocorridas na Petrobras e outros órgãos públicos.

 

TURBULÊNCIAS ELEITORAIS

Mesmo com o Brasil retomando a rota do crescimento, com os índices econômicos bombando, 2018 será um ano de muitas turbulências políticas, cheias de surpresas e incertezas. Teremos uma disputa presidencial das mais difíceis e conturbadas do Brasil, após o golpe militar. O número de candidatos certamente será superior a dez. Haverá candidatos de todas as ideologias, atendendo a todos os paladares. Permanece ainda aberta a grande questão do ex-presidente Lula, participará ou não das eleições (?).

A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre, anunciou que, no dia 24 de janeiro, revelará sua decisão sobre o recurso do ex-presidente Lula, contra a pena de sua prisão por 09 anos e seis meses, imposta pelo Juiz Federal Sergio Moro, por prática de corrupção e lavagem de dinheiro. Se o colegiado do TRF-4 confirmar a condenação de Moro, Lula poderá ser conduzido à cadeia e ficar inelegível por conta da Lei da Ficha Limpa.  Esse é um desfecho que poderá trazer muitas confusões ao cenário politico.

E tem mais: a sociedade brasileira está com o pé atrás em relação à classe política hoje dominante. Essa credibilidade está próxima de zero. A rejeição a deputados e senadores chegou ao ponto de aparecer nas redes sociais a recomendação de uma campanha nacional defendendo a não reeleição dos atuais parlamentares, colocando-os num só balaio, como os responsáveis pelas crises que o Brasil passou ultimamente.

Um outro dado que vai tencionar a próxima campanha eleitoral: a busca desesperada dos partidos menores para sobreviverem. É que pela recente reforma politica, as legendas chamadas nanicas, para terem acesso ao Fundo Partidário e ao horário gratuito da televisão e rádio, terão de eleger pelo menos nove deputados país afora.

Tem-se como certa também, passadas as eleições, que vai acontecer uma onda de fusões partidárias e reorganização das forças politicas. Ninguém aguenta mais essa pulverização em que cada partido tem um dono.

O presidente Michel Temer começa 2018 com o desafio de reunir pelo menos 308 votos entre os 513 deputados, se quiser ver aprovada, na Câmara, as modificações nas regras da Previdência. Se não conseguir vencer esta guerra, o presidente terá enormes dificuldades para levar seu governo até o fim, em 31 de dezembro. Os recursos que terá de disponibilizar para cobrir o rombo deficitário da ordem de R$ 180 bilhões- faltarão nas áreas da saúde, educação, segurança publica.

VOTEM BEM

Ao encerrar esta coluna, a última de 2017, faço um apelo aos leitores que votarão em outubro de 2018: Valorizem essa oportunidade de escolher seus representantes, busquem informações, analisem cautelosamente seus candidatos e propostas, votem conscientes. Seu voto é precioso! Sua participação indispensável.  Antes de registrá-lo na urna para a eleição de deputados estadual e federal, senador, governador e presidente de República, olhem com uma lupa os nomes que pretendem eleger. Atentem bem para a história de cada candidato. Votem pensando nos interesses coletivos, votem pela ordem e progresso do nosso Brasil.

Voltarei com a coluna no dia 27 de janeiro (sábado). Que 2018 seja bem melhor para todos nós, e por extensão para o nosso país.