Foi dada a partida da corrida à Presidência da República que acontecerá em 7 de outubro, portanto, daqui a seis meses e quinze dias.

Três pré-candidatos já foram oficializados: Jair Bolsonaro (PSC), Rodrigo Maia (DEM) e Ciro Gomes (PDT). Nos próximos dias ocorrerão os lançamentos de mais os seguintes postulantes ao Palácio do Planalto: Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (PSD), Álvaro Dias (Podemos), Gabriela D’Avila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSol).

Esses nomes, para serem inseridos nas urnas eletrônicas, precisarão ainda serem homologados pelas respectivas convenções partidárias nacionais, que serão realizadas no período de 20 de julho e 5 de agosto.

Duas dúvidas ainda persistem no cenário da sucessão presidencial, que, enquanto não forem esclarecidas, vão tumultuar e tencionar o ambiente politico: Lula e Michel Temer vão ser candidatos presidenciais?

Pela convicção predominante nos meios políticos e judiciários, ambos estarão fora do páreo na busca do Palácio do Planalto.

A inelegibilidade de Lula seria decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral por conta de sua punição em segunda instância. Ele foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4° Região (Porto Alegre) a prisão por 12 anos e um mês, em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá. Pela Lei da Ficha Limpa, Lula será considerado “ficha Suja”, portanto, sem condições de ser candidato. E ainda, pela decisão do TRF-4, Lula corre o risco de ir para a cadeia no próximo mês. Para evitar essa detenção, Lula e o PT pressionam o STF para que mude o entendimento segundo o qual condenado em segunda instância pode sim ser preso.

A segunda dúvida a tumultuar o processo eleitoral é saber se Michel Temer tentará a sua reeleição. Mas ele não teria êxito nessa tentativa, por ter contra uma rejeição popular que chega 87 %. Mesmo que sua espetacular iniciativa de combate ao crime organizado no país tenha êxito e que os pilares da economia nacional se mostrem em recuperação, lhe faltará tempo para sua imagem ficar bem com a sociedade. Mas ele, pressionado por caciques do PMD, que estão com a corda no pescoço nas ações da Lava- Jato, vai procurar embaralhar as articulações dos pré-candidatos que vão disputar votos no centro –direita e junto aos eleitores sem ideologia politica. Esses postulantes presidências serão Geraldo Alckmin, Rodrigo Maia e Henrique Meirelles.

MUDANÇAS PODERÃO OCORRER

A lenga-lenga em torno das dúvidas sobre as candidaturas de Lula e Temer certamente se estenderá até os primeiros dias de agosto, quando serão definidas as decisões das convenções partidárias nacionais. Daqui até lá- serão quatro meses e alguns dias- ante as incertezas, o cenário da sucessão presidencial passará por momentos de estresse total. Vai transcorrer conforme o dito popular de que em politica as mudanças ocorrem com tamanha rapidez tal qual se vê com as nuvens.

Tudo está indicando que as eleições serão bem atípicas, diferentes dos pleitos realizados no passado. Seus resultados continuam indefinidos, imprevisíveis. As recentes pesquisas eleitorais mostram que 41% dos eleitores brasileiros ainda não sabem em quem votar.

Há um entendimento entre lideranças politicas, empresariado e responsáveis pelo sistema financeiro, todos com os pés no chão, que o quadro sucessório poderá mudar. A tentativa é para um reagrupamento das forças politicas- PMD, PSDB, DEM, PSD, PP- que defenestram Dilma Roussef da Presidência da República, colocando em seu lugar Michel Temer. Seria uma reaproximação das forças politicas consideradas do centro-direita para não perder a oportunidade de eleger um governo para recolocar o Brasil nos trilhos do crescimento. Esse candidato estaria certamente no segundo turno das eleições para bater de frente com um candidato da esquerda ou mesmo da extrema direita.

Ciro Gomes e Marina Silva vão tentar ser os herdeiros dos votos que seriam destinados a Lula. Jair Bolsonaro, que já se considera um “messias” seria a grande supresa se vier a ter o sucesso eleitoral que promete . Hoje, sem Lula na disputa, ele lidera as intenções de votos, com 20% .

O MDB, sem Michel Temer na disputa, terá um papel quase decisivo no sucesso de uma candidatura do centro-direita, por continuar sendo ainda o maior e bem estruturado partido do Brasil. Se não ocorrer o reagrupamento desejado, os caciques regionais do PMB- todos eles citados na Lava- Jato, se dispensarão, cada um em busca de situação que melhor lhe conviver eleitoralmente nos dias de hoje.

Dois graves problemas do atual momento politico vão ser levados em conta nas decisões politicas bem próximas. Um será a ausência de recursos para bancar as campanhas eleitorais. O segundo empecilho será o espaço reduzido que cada candidato terá no horário gratuito da televisão e radio, em razão do grande numero de pretendentes presidenciais.

Essas duas dificuldades serão motivos reais para as lideranças politicas entenderem que o “mar não está para peixe”.

BALCÃO DE NEGÓCIOS

Estará aberta até 7 de abril a janela partidária que permite os parlamentares a mudarem de partido sem nenhuma punição.

Com a proibição de doações eleitorais pelas empresas, essa oportunidade transformou-se num enorme balcão de negócios. A transferência de um parlamentar passou a custar até R$ 2.5 milhões, valor que foi fixado pelo TSE para um candidato à Câmara poder gastar em sua campanha eleitoral.

Junto com a janela partidária, termina também no dia 7 de abril o prazo de descompatibilização para as eleições. A estimativa é que 11 ministros de pastas na Esplanada deverão pedir exoneração. No Congresso Nacional a expectativa é que uma centena de deputados federais e senadores mudarão de legenda.